domingo, 31 de julho de 2011

QUER GANHAR NO PEDRA, PAPEL E TESOURA?

Por: Thiago Perin
Fonte: Super Interessante
Feche os olhos. O pessoal da University College London, na Inglaterra, passou um tempinho observando voluntários fazerem a brincadeira – ora com vendas nos olhos, ora enxergando – e viram que os empates eram “significativamente mais frequentes” quando ao menos uma parte da dupla tinha os olhos abertos. E também que, quando alguém ganhava, era “mais frequentemente” o jogador vendado. Segundo eles, a venda ajuda a controlar um impulso inconsciente que a gente tem de imitar o adversário – você vê que ele vai jogar pedra, por exemplo, e faz o mesmo (durante a pesquisa, quem enxergava fazia seu movimento 200 milisegundos depois do outro). O que é uma bobeira danada, já que aí ninguém ganha.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

MUTAGÊNICO E HEREDITÁRIO

Pesquisa com camundongos sugere que o fumo passivo causa mutações no DNA de espermatozoides. Essas alterações, transmitidas aos descendentes, poderiam levar ao desenvolvimento de cânceres e outras complicações.
Por: Saulo Pereira Guimarães
Fonte: Ciência Hoje On-Line
A fumaça que sai da ponta do cigarro é a que mais afeta o fumante passivo. Ela contém mais substâncias tóxicas do que aquela exalada pelo fumante. Ambas causaram mutações genéticas em espermatozoides de camundongos. (foto: Darko Skender/ Sxc.hu)

Muito se sabe sobre os efeitos maléficos do cigarro em fumantes ativos. Em relação ao fumo passivo, estudos já mostraram suas consequências danosas em adultos, crianças, bebês e fetos durante a gestação. Mas e a exposição indireta paterna? Será que pode trazer problemas para seus descendentes?
A questão motivou o trabalho de pesquisadores do Canadá e dos Estados Unidos, que acaba de ser publicado no periódico PNAS. Ao testar os efeitos do fumo ativo e passivo em camundongos machos, eles observaram modificações genéticas em seus espermatozoides decorrentes de ambos os processos. Segundo os autores, essas alterações são transmitidas à geração seguinte, podendo causar problemas de saúde na prole.
Os camundongos foram expostos, durante duas semanas, a dois tipos de fumaça: a exalada pelo fumante (chamada corrente primária) e a que sai da ponta do cigarro (chamada corrente secundária). Embora a composição de ambas seja semelhante, na fumaça que sai diretamente do cigarro – a qual o fumante passivo está mais exposto – algumas substâncias tóxicas e cancerígenas estão presentes em concentrações mais elevadas.
Duas doses diferentes de cada tipo de fumaça foram inaladas pelos animais, uma equivalente a três cigarros por dia e a outra a 16 cigarros diários. Esse padrão de exposição mimetiza os efeitos de doses baixa e alta de tabagismo ativo e passivo.
Seis semanas depois, os pesquisadores coletaram esperma dos camundongos para análise. Eles verificaram que ambas as doses da corrente primária de fumaça resultaram numa frequência maior de mutações genéticas significativas nas células reprodutivas dos camundongos (4% com a dose menor e 4,7% com a maior), em comparação com um grupo independente de animais que não foi exposto a qualquer tipo de fumaça (1,3%-1,5%).
Resultados sugerem que fumantes passivos são tão vulneráveis quanto os ativos aos efeitos do fumo nos espermatozoides
Mais importante foi verificar que a exposição à corrente de fumaça secundária também produziu uma ocorrência significativamente maior de alterações genéticas no esperma dos camundongos, sugerindo que fumantes passivos são tão vulneráveis quanto os ativos aos efeitos do fumo nos espermatozoides.
No entanto, um dado inusitado chamou a atenção dos pesquisadores: a dose mais elevada da corrente secundária de fumaça resultou numa frequência menor de mutações genéticas no esperma dos camundongos (2,6%) do que a dose mais baixa (4,6%). Os pesquisadores suspeitam que a grande concentração de substâncias tóxicas possa ter levado a taxas altas de morte celular, impedindo a recuperação das células mutantes.

Só em gametas, e só de camundongos

Para saber se a exposição aos dois tipos de fumaça de cigarro afetaria da mesma forma células não envolvidas diretamente na reprodução, os pesquisadores submeteram outro grupo de camundongos ao mesmo padrão de exposição.
Duas semanas depois, examinaram células da medula óssea e do sangue dos animais e constataram que apenas a dose alta da corrente primária de fumaça produziu aumento na frequência de mutações genéticas nessas células, ainda assim muito pequeno. O efeito mutagênico da fumaça do cigarro restringiu-se, portanto, às células reprodutivas.
No artigo, os autores chamam atenção para o impacto na saúde pública desses resultados, que corroboram uma conclusão recente da Agência Internacional para Pesquisa sobre o Câncer (IARC, na sigla em inglês) de que há ligação entre exposição paterna ao cigarro e câncer nos descendentes.
O tabagismo passivo é a 3ª maior causa de morte evitável no mundo, subsequente ao tabagismo ativo e ao consumo excessivo de álcool. O avanço no conhecimento sobre seus efeitos na saúde já tiveram impacto na legislação brasileira. (foto: Karol Stróż/ Sxc.hu)

No entanto, os pesquisadores advertem que apesar de os embriões originados dos espermatozoides alterados sempre carregarem a mutação, nem sempre ela irá causar problemas de saúde. “Isso depende do gene afetado”, afirma o biólogo Francesco Marchetti, da Universidade da Califórnia e autor principal do estudo.
De qualquer forma, ainda é cedo para extrapolar os efeitos do fumo passivo induzido em camundongos para seus reais impactos em seres humanos.
Nem sempre as mutações causam problemas de saúde
A ponderação vem do próprio Marchetti: “Há muitos casos de produtos químicos que demonstraram induzir mutações em células reprodutivas e afetar a saúde da prole de animais de laboratório. Mas tem sido mais difícil demonstrar isso em humanos porque humanos são geralmente expostos a doses bem menores desses produtos”.
Outra alternativa apontada pelo pesquisador: “Também é possível que células reprodutivas com mutações sejam eliminadas mais eficientemente em humanos do que em animais”.


domingo, 17 de julho de 2011

APÓS 87 ANOS DESAPARECIDA, ESPÉCIE DE SAPO É LOCALIZADA NA ILHA DE BORNÉU

Extremamente colorido e brilhante, sapo arco-íris de Bornéu é fotografado pela primeira vez

Por: Redação Galileu
Fonte: Revista Galileu
A primeira fotografia do lindo sapo arco-íris de Bornéu// Crédito: Indraneil Das/Conservation International

A foto acima é muito importante para o estudo e conhecimento da fauna mundial. Trata-se da espécie de sapo que pode ser conhecida por três nomes: Sambas, sapo arco-íris de Bornéu ou Ansonia latidisca (nome científico). O mais incrível é que já se iam 87 anos desde a última vez que essa espécie de sapo foi vista – era o ano de 1924 e os únicos registros do animal até então eram ilustrações monocromáticas. 

O sapo arco-íris de Bornéu integrava a lista dos 10 Sapos Perdidos Mais Procurados do Mundo. Para reencontrá-lo, o professor Indraneil Das, da Universidade de Sarawak da Malásia organizou uma expedição pela ilha de Bornéu. Durante meses a busca não deu resultados. Foi então que o professor determinou que fossem feitas varreduras em locais mais elevados da ilha, acima de 1300 metros. Deu certo: o aluno Pui Yong Min avistou o sapo em uma árvore, a três metros do chão, na fronteira entre a província de Sarawak na Malásia, e a província Kalimantan, que já pertence à Indonésia.. Foram vistos três sapos: uma fêmea adulta, um macho adulto e um jovem, que têm entre 30 mm e 51mm. A principal característica do sapo é, como o arco-íris em seu nome indica, ter uma coloração brilhante e colorida em suas costas, o que o torna um dos mais belos tipo de suas espécie. “A natureza ainda guarda segredos preciosos que estamos a descobrir, é por isso que a proteção e a conservação são tão importantes. Os anfíbios são indicadores da saúde do ambiente, o que tem implicações diretas para a saúde humana. Os seus benefícios não devem ser subestimados”, disse Indraneil Das em um comunicado à imprensa.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

POR QUE É TÃO DIFÍCIL SAIR DA INTERNET E IR TRABALHAR/ESTUDAR/LER UM LIVRO?

Por: Ana Carolina Prado
Fonte: Revista Galileu
Que atire a primeira pedra quem nunca perdeu minutos valiosos navegando na internet em vez de fazer um trabalho atrasado. Ou quem nunca tenha ido para a cama com a intenção de ler um livro, mas resolveu dar uma olhada rápida no Facebook e no Twitter para, depois, se dar conta de que gastou todo o tempo da leitura apertando o F5 obsessivamente.
Fazer isso vez ou outra não significa que você esteja viciado em internet, mas essa é uma realidade constante para quem tem o problema. Agora, a ciência parece ter descoberto o que esse comportamento não é só uma questão de autocontrole, mas está relacionado a alterações estruturais no cérebro. Um estudo publicado em junho na revista científica PLoS ONE analisou os cérebros de 18 chineses que passavam de 10 a 12 horas em games online e os comparou com outros 18 jovens que gastavam no máximo duas horas na rede.
O resultado revelou que várias pequenas regiões no cérebro dos viciados encolheram significativamente – em alguns casos, entre 10 e 20%.  Quanto mais antigo o vício, mais pronunciada a redução. Para os autores do estudo, esse encolhimento poderia afetar o autodomínio (é por isso que não dá para ficar só 15 minutinhos no Facebook) e o foco em prioridades e metas definidas (ler um livro, por exemplo).
A pesquisa também revelou que a matéria branca cerebral (um dos principais componentes sólidos do sistema nervoso central, ao lado da massa cinzenta) também foi alterada. As imagens mostraram maior densidade de matéria branca em um ponto do cérebro ligado à formação da memória. Por isso, não é raro encontrar viciados em internet com dificuldade para armazenar informações. (Sabe quando você encontra um texto ótimo em um site e pouco tempo depois não faz ideia do que ele dizia? Então.) Já no membro posterior esquerdo da cápsula interna – parte do cérebro ligada a funções cognitivas e executivas -  a densidade da matéria branca caiu, o que pode prejudicar a habilidade de tomar decisões.
Uma explicação possível para essas alterações é que quem passa muito tempo online utiliza mais algumas áreas do cérebro do que outras. Como um músculo, certas áreas podem se desenvolver mais ou menos para se adaptar ao uso que fazemos delas.
Tratamentos radicais
Por falta de evidências científicas, o vício em internet ainda não é um transtorno reconhecido pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM, em inglês), a bíblia dos profissionais da saúde mental. Mas já existem tratamentos para esse problema em vários lugares. Talvez a China seja o país que faça isso com maior rigor: lá tem um polêmico campo de treinamento semimilitar para viciados em Internet que inclui até eletrochoques.  Estima-se que 14% dos jovens urbanos chineses – o que significa 24 milhões de pessoas – tenham esse vício.